domingo, 11 de novembro de 2012

Urgente!




Os tempos de hoje são perturbadores. No entanto, imersos em afazeres e obrigações (criadas por nós mesmos), nem somos capazes de perceber o que se passa. Picamos o tempo em pedacinhos, por crer que podem facilitar nosso dia a dia, permitir que "todos os compromissos sejam cumpridos". Nessa corrida, esquecemo-nos do significado da qualidade do tempo em vida, com amor de sobra, ao lado de família e outros queridos nossos. Somos capazes de abandonar e descartar o que consideramos supérfluo, tanto em matéria quanto em espírito, e deixamos de nutrir sentimentos que nos tornam humanos e completos. Um mundo em que o centro é o capital, em que a racionalidade técnica dominou. Um mundo que deixou de oferecer mistério, pois acostumamo-nos a esgotar todas as possibilidades por meio da razão. Deixamos de enxergar a poesia e ouvir o canto dos passarinhos. Ouvimos barulho de motores de carros ou de televisão. Deixamos de sentir perfume no jardim e de bolo de chocolate assando no forno. Passamos na confeitaria e compramos pronto. O tempo é escasso. Não podemos perdê-lo. Estranha forma de levar os dias. Estranha nostalgia de tempo que podia passar mais devagar.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012



... Não se constrói amor em algumas horas, nem se desfaz no mesmo tempo. Não se acha sentimento na esquina, nem se muda por motivo banal. A formação leva tempo, e tem razão de ser. Quando se ama, a irritação amiúda-se aos poucos, e deixa de existir, embora a mágoa permaneça por um tempo. Logo ficará apenas amor. Já quando não é o caso, a reincidência do desgosto aumenta o desprezo, afasta do juízo moral, torna tudo menos compreensível...




sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Carta à amiga



Partida sem despedida. Essa é a sensação. Talvez assim doa menos, pois quero guardar em minha mente e coração apenas as boas lembranças da sua imagem em nossa vida. Mas ainda é tempo de ressentir. Que ele passe logo... e permaneçam apenas a alegria, a paz e a sinceridade do seu sorriso. Apenas o brilho dourado da sua presença. Desejo que caiba no céu toda a graça e poder que tinha de contagiar, irradiar bondade e simpatia. Você era um anjinho na terra... desejo que possa sê-lo também onde quer que esteja...


15/09/2012 – Dayana Martins Pereira

segunda-feira, 3 de setembro de 2012


A menos que o coração seja de gelo, não há despedida sem luto. Embora a decisão seja certa, o corpo reage, toma nota, expressa. Ao fechar uma fase, etapa ou ciclo (nomeie como quiser), tarefa árdua e necessária, olhos úmidos são inevitáveis. É o preço do recaminho... Os pés podem até estar calejados, sejam jovens ou desgastados, a sensação é a mesma: de reta final. É tempo de rememorar o percurso, seguir e construir o novo. E neste, somente os verdadeiros, sem máscaras de polvilho, estarão ao lado.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Receita de vida

...Novos ares...
                        ...brilho...
                                       ...olhar...
                                                     ...Efeito dos novos sonhos...

Renovam o cansaço físico e mental dos períodos mais atribulados...

Sonho em conjunto tem força de ação...
                                                                Tempo... tempo...
                                                                                            ...tic tac...tic tac...

terça-feira, 12 de junho de 2012

O processo dos dias solicita regularidade. Obriga-me a se apaixonar pela constância: horário, ritmo, sequência. Incita-me a repelir desordem. A gritar por socorro em meio ao caos. A desejar com todas as forças cumprir o plano, perseguir primor. A desesperar-se por não alcançar. A cobrar-se pelos desvios. A criar novas angústias em cada um deles.

A mente teima em exibir o mesmo filme, as mesmas cenas, centenas e milhões de vezes. Momentos que ainda não devem ser revisitados. Estão sob a guarda do sentimento ferido, sob trevas de coração partido, sob perigo. Quanto mais remexidos, confunde profundamente a possibilidade da cura. Marcas do que se foi, cicatrizes do que restou. Tempo.

sábado, 5 de maio de 2012

Intervalo


Em tempos de proliferação de funções, toma forma libertadora a possibilidade de ‘criar’ espaço para o ‘fazer nada’. Deixa de lado o fazer sábio, pensante, a conclusão de tarefas, a obrigação de realizá-las. A mente preenche-se de ‘vazio’, solitária, vaga. Amplia a capacidade de deliciar-se com o ócio, sem chinelos nos dedos, com xícara de chá de alecrim nas mãos, perfumado e confortante. Produz satisfação infinita, resultante de coisa alguma, como breve consequência do ato pelo qual imploram corpo e alma: repouso, pacífico e seguro. Sossego justo, convocado pela necessidade humana, de garotos a grisalhos, nesses tempos de absorver ocupações em abundância. Sem culpa, nem pressa. Prove!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

De longe, bem longe, vê passar

Encontra-se com outros medos

Renova melancolia

No mundo particular

Assiste aos percalços

Cai, levanta

Seca a lágrima

Vive fugas

Planeja, e as sente escapar

Caminha mais um passo

Espera que tudo se dissipe

Na sucessão das eras
Enquanto isso, os dias vão-se, outra vez

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Aos que comigo compartilham o desejo de 'aprender a conhecer'*

A mente possui formas de portar-se semelhantes às do corpo. Leva certo tempo para se aquecer nas atividades que dela se exige, dependendo de quais forem, em cada ocasião. Constroi, cuidadosamente e a cada exercício, músculos protetores da sabedoria apropriada pelas experiências intelectuais de uma vida toda. Necessita de treino regular, preventivo de perda das conquistas de fôlego e forças de uma rotina disciplinadamente organizada. Requer concentração para internalizar e acomodar ganhos. Degraus de desafios ajudam a manter a motivação por progresso, e evitam lesões no percurso. Alimentação em dose adequada, nem a menos, nem a mais, provoca saudável relação com a lucidez, advinda da prática do pensamento.

*Ps.: Leia como preferir, seja em sentido figurado ou denotado.

terça-feira, 13 de março de 2012

Interior

Dizem por aí que a sensibilidade humana é um tesouro incomparável a outras criaturas. Pois eu sigo buscando driblar sentimentos... Afloram em mim e perseguem minha sanidade em cada pedaço de vida. Alteram meu pulso, aceleram o coração.  Teimam em manifestar-se, seja em lágrima, sorriso, poesia. Rastros infinitos de emoção. Formada de memórias, que percorrem os minutos de pretérito, presente e futuro, passo a conhecer o poder da inteligência de emoções: Nos outros.

E invento maneiras de superar as sensações desastrosas, administrando gritos mudos, olhares cegos e escutas surdas.