Os
tempos de hoje são perturbadores. No entanto, imersos em afazeres e obrigações
(criadas por nós mesmos), nem somos capazes de perceber o que se passa. Picamos
o tempo em pedacinhos, por crer que podem facilitar nosso dia a dia, permitir
que "todos os compromissos sejam cumpridos". Nessa corrida,
esquecemo-nos do significado da qualidade do tempo em vida, com amor de sobra,
ao lado de família e outros queridos nossos. Somos capazes de abandonar e
descartar o que consideramos supérfluo, tanto em matéria quanto em espírito, e
deixamos de nutrir sentimentos que nos tornam humanos e completos. Um mundo em
que o centro é o capital, em que a racionalidade técnica dominou. Um mundo que deixou
de oferecer mistério, pois acostumamo-nos a esgotar todas as possibilidades por
meio da razão. Deixamos de enxergar a poesia e ouvir o canto dos passarinhos.
Ouvimos barulho de motores de carros ou de televisão. Deixamos de sentir
perfume no jardim e de bolo de chocolate assando no forno. Passamos na confeitaria
e compramos pronto. O tempo é escasso. Não podemos perdê-lo. Estranha forma de
levar os dias. Estranha nostalgia de tempo que podia passar mais devagar.
domingo, 11 de novembro de 2012
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
... Não se constrói amor em algumas horas, nem se desfaz no mesmo
tempo. Não se acha sentimento na esquina, nem se muda por motivo banal. A formação
leva tempo, e tem razão de ser. Quando se ama, a irritação amiúda-se aos
poucos, e deixa de existir, embora a mágoa permaneça por um tempo. Logo ficará
apenas amor. Já quando não é o caso, a reincidência do desgosto aumenta o
desprezo, afasta do juízo moral, torna tudo menos compreensível...
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
Carta à amiga
Partida sem despedida. Essa é a sensação. Talvez
assim doa menos, pois quero guardar em minha mente e coração apenas as boas
lembranças da sua imagem em nossa vida. Mas ainda é tempo de ressentir. Que ele
passe logo... e permaneçam apenas a alegria, a paz e a sinceridade do seu
sorriso. Apenas o brilho dourado da sua presença. Desejo que caiba no céu toda
a graça e poder que tinha de contagiar, irradiar bondade e simpatia. Você era
um anjinho na terra... desejo que possa sê-lo também onde quer que esteja...
15/09/2012 –
Dayana Martins Pereira
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
A menos que o coração seja de gelo, não há despedida sem
luto. Embora a decisão seja certa, o corpo reage, toma nota, expressa. Ao
fechar uma fase, etapa ou ciclo (nomeie como quiser), tarefa árdua e
necessária, olhos úmidos são inevitáveis. É o preço do recaminho... Os pés podem
até estar calejados, sejam jovens ou desgastados, a sensação é a mesma: de reta final. É
tempo de rememorar o percurso, seguir e construir o novo. E neste, somente os
verdadeiros, sem máscaras de polvilho, estarão ao lado.
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Receita de vida
...Novos ares...
...brilho...
...olhar...
...Efeito dos novos sonhos...
Renovam o cansaço físico e mental dos períodos mais atribulados...
Sonho em conjunto tem força de ação...
Tempo... tempo...
...tic tac...tic tac...
terça-feira, 12 de junho de 2012
O
processo dos dias solicita regularidade. Obriga-me a se apaixonar pela
constância: horário, ritmo, sequência. Incita-me a repelir desordem. A gritar
por socorro em meio ao caos. A desejar com todas as forças cumprir o plano,
perseguir primor. A desesperar-se por não alcançar. A cobrar-se pelos desvios.
A criar novas angústias em cada um deles.
A mente teima em exibir o mesmo
filme, as mesmas cenas, centenas e milhões de vezes. Momentos que ainda não devem
ser revisitados. Estão sob a guarda do sentimento ferido, sob trevas de coração
partido, sob perigo. Quanto mais remexidos, confunde profundamente a
possibilidade da cura. Marcas do que se foi, cicatrizes do que restou. Tempo.
sábado, 5 de maio de 2012
Intervalo
Em
tempos de proliferação de funções, toma forma libertadora a possibilidade de ‘criar’
espaço para o ‘fazer nada’. Deixa de lado o fazer sábio, pensante, a conclusão
de tarefas, a obrigação de realizá-las. A mente preenche-se de ‘vazio’,
solitária, vaga. Amplia a capacidade de deliciar-se com o ócio, sem chinelos nos dedos, com xícara de chá de alecrim nas mãos,
perfumado e confortante. Produz satisfação infinita, resultante de coisa alguma,
como breve consequência do ato pelo qual imploram corpo e alma: repouso, pacífico
e seguro. Sossego justo, convocado pela necessidade humana, de garotos a
grisalhos, nesses tempos de absorver ocupações em abundância. Sem culpa, nem
pressa. Prove!
segunda-feira, 16 de abril de 2012
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Aos que comigo compartilham o desejo de 'aprender a conhecer'*
A mente possui formas de portar-se semelhantes às do corpo. Leva certo tempo para se aquecer nas atividades que dela se exige, dependendo de quais forem, em cada ocasião. Constroi, cuidadosamente e a cada exercício, músculos protetores da sabedoria apropriada pelas experiências intelectuais de uma vida toda. Necessita de treino regular, preventivo de perda das conquistas de fôlego e forças de uma rotina disciplinadamente organizada. Requer concentração para internalizar e acomodar ganhos. Degraus de desafios ajudam a manter a motivação por progresso, e evitam lesões no percurso. Alimentação em dose adequada, nem a menos, nem a mais, provoca saudável relação com a lucidez, advinda da prática do pensamento.
*Ps.: Leia como preferir, seja em sentido figurado ou denotado.
terça-feira, 13 de março de 2012
Interior
Dizem por aí que a sensibilidade humana é um tesouro incomparável a outras criaturas. Pois eu sigo buscando driblar sentimentos... Afloram em mim e perseguem minha sanidade em cada pedaço de vida. Alteram meu pulso, aceleram o coração. Teimam em manifestar-se, seja em lágrima, sorriso, poesia. Rastros infinitos de emoção. Formada de memórias, que percorrem os minutos de pretérito, presente e futuro, passo a conhecer o poder da inteligência de emoções: Nos outros.
E invento maneiras de superar as sensações desastrosas, administrando gritos mudos, olhares cegos e escutas surdas.
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